Obsessão - Parte I
Marina pôs sobre o criado mudo o caderno onde acabara de anotar: 5º) Santiago.
Descalçou o escarpim, desabotoou a blusa preta de seda, desceu pelos pés a saia justa e preta como a blusa. As meias finas foram retiradas lentamente, sem prestar atenção ao que fazia. Despiu o sutiã e a calcinha rendada cor de ébano. Sobre a cadeira, num canto do quarto, depositou a negritude das peças de roupas recém usadas.
Na cama larga, forrada de vermelho vinho, deitou o corpo branco perolado. Com as mãos em concha cobriu o sexo de pêlos fartos e escuros. Olhou fixamente para o teto enquanto pronunciava entre dentes: “Santiago, o número cinco”. Uma lágrima quente a fez estremecer, como se o sal daquela lágrima salgasse a ferida aberta que doía. A mente indômita se voltou num vôo para a adolescência, princípio de tudo. Diante dos seus olhos surgiu a menina de quatorze anos, chegando à casa do padre Aristides. Padre novo na idade e na cidade, fundador do coral de jovens.
Era dia de ensaio do coral. Como sempre Marina era a primeira a chegar para os ensaios. Gostava de ficar conversando com o padre antes que seus colegas aparecessem. A porta da casa paroquial estava destrancada, mas o padre não parecia está em casa. Marina passou pela sala indo até a cozinha. Deu meia volta para retornar à sala quando, então, esbarrou no padre que estava às suas costas.
Aristides vestia uma espécie de camisolão branco que lhe descia até a metade das pernas. Com um olhar vítreo encarava Marina. Estendeu uma das mãos até o rosto da menina, tocou-lhe o pescoço, tateou-lhe o colo buscando os seios. Imóvel, Marina parecia hipnotizada. Tomando-a pela mão, o padre a levou para o quarto. Despiu as roupas de Marina e ordenou para que deitasse sobre a cama. Ajoelhou-se ao lado do leito acariciando o corpo da jovem, lambeu os seios tenros, passeou os dedos sobre a penugem macia sob o ventre, sentiu a vulva quente, o clitóris úmido...
A respiração do padre estava acelerada, seu rosto contorcia-se diante de uma Marina assustada e excitada. Num determinado momento ele se afastou da cama, andou até um dos cantos do quarto, masturbou-se até atingir o orgasmo.
Não temas, pois Eu estou contigo; não desanimes, Pois eu sou teu Deus; Eu te darei forças; sim Eu Te ajudarei; sim, Eu te sustentarei Com a mão direita da minha retidão.
Durante três anos Marina manteve com o padre Aristides encontros iguais ao primeiro. A necessidade de estudar em outra cidade obrigou-a se separar do padre.Contava com dezessete anos, então. Seu amor com refrão, entretanto, continuou pela sua vida.
O padre da cidade para onde Marina se mudara estava muito velho. As missas que celebrava não despertava interesse em Marina. Pensou em conhecer a cidade mais próxima de onde estudava, e lá, teve outra vez seu interesse voltado para a igreja. Um pouco mais velho do que o padre Aristides, chamava-se Guilherme o pároco da pequena cidade. Imediatamente Marina se encantou por Guilherme, que ficara muito feliz ao saber que seus sermões interessavam a jovem muito mais do que os do velho colega da paróquia vizinha. Guilherme era um padre maduro, acostumado a lidar com jovens, porém, não conhecia uma moça mais inteligente do que Marina. Não foi preciso muito tempo para uma bonita amizade nascer entre os dois.
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